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EQUOTERAPIA: ESPERANÇA PARA DEFICIENTES

Sérgio Mascarenhas SM@USP.BR

É bem conhecido que o contato dos humanos com animais domésticos como cães, gatos e cavalos, cria laços profundos em ambos, a ponto de haver dependências afetivas notáveis e duradouras. Além do sentimento de afeto, sabe-se dos benefícios psíquicos notáveis deste relacionamento como para crianças, adultos e idosos. Cada um de nós conhece histórias verídicas de benefícios sentimentais e comportamentais trazidos para os possuidores de animais domésticos e para os próprios animais. Há também outros aspectos dessa dependência mútua, realmente notáveis, o uso dos animais para a atividade de interesse dos humanos, da sociedade e até de empresas e órgãos públicos: podemos relembrar alguns deles brevemente: cães de guia, tração animal, segurança, identificação de pessoas, produtos ilegais como drogas e muitos outros. O cavalo distingue-se na história da humanidade de modo especial: mesmo na mitologia grega, o cavalo foi escolhido como um dos símbolos mais espetaculares, como o caso de Pégasus, o cavalo alado, que acabou no Olimpo, tendo Zeus (Jupiter para os romanos), transformado Pégasus em uma constelação, até hoje assim identificada pelos astrônomos. Essa constelação é símbolo da imaginação e da imortalidade. Mas o que desejo ressaltar nesta crônica é uma descoberta prática do uso do cavalo em nada menos que na Medicina da Reabilitação para deficientes: a equoterapia. Esta não é ainda uma ciência, como não o é a acupuntura e muitas outras áreas da própria medicina, que são meramente empíricos baseados em resultados práticos, por tentativas e erros. Este é o caso da chamada etno-farmacopéia da qual os índígenas brasileiros são notáveis conhecedores e até fontes de preciosas informações para grandes empresas multinacionais de fármacos, que sabem do tesouro que representa essa cultura milenar conhecedora da biodiversidade. Porém, voltando à equoterapia: esta tem apresentado resultados notáveis, reconhecidos internacionalmente. Na reabilitação e tratamento de síndromes de deficiências neurológicas, ou genéticas, ou ainda de traumas do parto e de acidentes. Começa-se a entender as bases científicas e cognitivas da equoterapia: por ser o cavalo um animal quadrúpede, sua marcha varre o espaço tridimensional e aplica verdadeira fisioterapia no sistema músculo-esquelético do paciente bem como de seu sistema nervoso, pelas vibrações, impactos e modulações mecânicas às quais o paciente é submetido. Hoje verdadeiras equipes interdisciplinares de médicos, psicólogos, fisioterapeutas apoiados por veterinários, compõem clínicas que atendem variados casos como síndrome de Down, paralisia cerebral, transtornos emocionais, hemiplegias, disfunções sensorio-motoras. A equoterapia foi reconhecida oficialmente pelo Conselho Federal de Medicina e conta com uma Associação Nacional de Equoterapia (ANDE) com sede na Granja do Torto em Brasília desde 1989, com corpo de membros que são reconhecidos profissionalmente como habilitados a praticar a Equoterapia, trazendo assim uma avaliação mais segura para os usuários. Ribeirão Preto e outras cidades como Sâo Carlos, iniciam trabalhos de pesquisa interdisciplinar para transformar a equoterapia numa metodologia científica mais valiosa. Na ilustração minha e do Alfonso o Cavalo Pégasus, porta uma criança com um sorriso feliz, simbolizando os benefícios da Equoterapia. O autor desta crônica (biofísico) está participando destas pesquisas, com a introdução de modernas técnicas da instrumentação, juntamente com outros profissionais médicos, psicólogos, engenheiros, veterinários e fisioterapeutas e pode ser contatado em sm@usp.br .

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