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Produção de Notícia: Jornalismo Colaborativo


UNIARA – Centro Universitário de Araraquara
Produção da notícia no Jornalismo Colaborativo


Sarah Mascarenhas
Araraquara, SP
2010


Resumo:
Esta pesquisa tem a intenção de estudar como acontece a produção de notícia no jornalismo online, considerando o novo modelo da web 2.0 que consiste na interação com o usuário, privilegiando a colaboratividade entre os emissores de notícia e seus receptores. Estes desempenham um novo papel, onde é permitido tornar-se produtor de noticia. Como funcionam hoje as redações dos veículos online? Qual é o papel do jornalista no contexto onde a informação é levada de todos para todos?

Palavras chave: colaboratividade, rede, jornalismo online, produção de noticia, ciberespaço.

Introdução:

O Jornalismo digital surge em meados da década de noventa, a partir da popularização e o fácil acesso a rede global, mais conhecida como Internet. A princípio este novo meio de comunicação foi subutilizado pelos difusores de informação, os veículos tradicionais de comunicação como os jornais, revistas e emissoras de rádio e TV. Segundo Ferrari, a migração do impresso para a internet acontecia com a simples duplicação dos conteúdos para páginas estáticas vinculadas a web. Foi um processo um tanto lento até surgirem inovações na produção de conteúdo noticioso.

Como exemplo destaca-se o caso da revista época, que teve como sua primeira editora da versão online a jornalista Pollyana Ferrari, também escritora do livro Jornalismo Digital(FERRARI, Pollyana:2003). Quando lançou sua versão digital, passou a fazer publicação de notícias diariamente e começou a mesclar arquivos de áudio e vídeo com texto, possibilitando ao leitor escolher a maneira como faria sua leitura.

Desde 2002 com o novo formato da internet, uma plataforma para produção de conteúdos colaborativo, a web 2.0 que propõe a interação como cerne para navegar na rede,ou seja permite ao usuário interagir muito mais com o conteúdo publicado. A percepção e compreensão sobre o papel desta nova ferramenta de comunicação de massa, numa esfera mundial traz também novidades na perspectiva sobre o que a diferença da grande rede de computadores tem e os meios de comunicação de massa, é o fato da noticia poder ser produzida de todos para todos, não de um para todos. André Lemos em seu livro Cultura das Redes – Ciberensaios para o século XXI defende que a internet não pode ser considerada uma nova mídia mas tem a compreensão de que “as novas tecnologias digitais geram processos de comunicação que conectam usuário a usuário, gerando um fluxo que, virtualmente coloca todos em contato com todos” (LEMOS, André: 2002, p.35). Além disso outro fato marcante na história do jornalismo na internet foi o surgimento dos portais, que diferente dos sites são um aglomerado de informações e serviços que podem ser adquiridos online(JARDIM, 2007). Desta maneira estudiosos da comunicação passaram a refletir sobre o que seria, ou o que é este novo formato de jornalismo? Qual o papel do jornalista neste novo contexto da comunicação de massa na era digital?

Uma característica marcante desta nova forma de produzir conteúdo é a atualização constante da notícia, comparado aos veículo impressos a Internet trouxe uma agilidade nas redações pois o “deadline é pra já”. Trouxe uma independência nas relações com as gráficas e distribuidoras por exemplo (FERRARI, Pollyana:2003). Outra consequência desta constante atualização é a geração de uma memória. Na Internet é possível acessar artigos arquivados, o site torna-se um grande banco de dados virtual. Assim também é possível traçar um caminho à informação próprio de cada usuário. (JARDIM, Gabriela: 2007)

A hipertextualidade é sem dúvida o elemento mais marcante no jornalismo online e pode ser garantida com a inserção de links que encaminham a novos artigos, vídeos, entrevistas em áudio, até mesmo para um arquivo de textos já publicados. É notável que todos os elementos descritos aqui tem uma relação entre si para compor o que hoje conhecemos como jornalismo online, jornalismo digital, ciberjornalismo entre outros termos usados.(FERRARI, Pollyana:2007).

Todos estes novos elementos promovem uma interação maior com o usuário, pois além de poder fazer comentários ele cria seu caminho, sua forma de ler e absorver as informações encontradas online, o leitor pode escolher quais links deseja acessar, se quer ou não assistir a determinado vídeo, pode pesquisar no acervo de conteúdo disponibilizados ali (FERRARI, Pollyana:2007).

Recapitulando então, o jornalismo online (JOL) é uma nova modalidade jornalística, que surgiu através desta nova mídia, a internet, que temos contato há aproximadamente duas décadas e que tem como principais elementos a interatividade, a memória, a multimidiabilidade, a atualização constante, a hipertextualidade e a personalização (FERRARI, 2003).

Neste estudo vamos entender como vem sendo a produção da notícia e discutir sobre o que o jornalismo colaborativo, muitas vezes sendo reconhecido como uma nova vertente dentro do JOL, e por outro lado pode ser entendido como uma consequência do que conhecemos hoje como ciberespaço.

Justificativa:

O estudo que se desenvolverá nesta pesquisa buscará analisar como tem ocorrido a produção da notícia através de redes colaborativas de comunicação. Desde o processo das reuniões de pauta até a publicação de seus produtos finais. Outro ponto importante é entender como as redes se organizam, quais as ferramentas que elas utilizam para facilitar o processo de produção notícia.

O motivo que levou ao interesse por este tema surge pela experiência de conviver com uma rede nacional de coletivos de comunicação e produção cultural, que tinha como principal veículo um portal de notícias que abrangia as ações de todos os pontos espalhados pelo Brasil. Ao longo de um ano de trabalho foi desenvolvido junto a equipe de jornalismo mecanismos para realização de reuniões de pauta online, além de conteúdos de áudio no formato de podcasting para web radio produzidos por diferentes núcleos e produtos audiovisuais que vão desde programetes para web tv até vinhetas para campanhas de divulgação.

Para analisar isto faz-se necessário entender o momento histórico que o país se encontra no que diz respeito as políticas nacionais de comunicação e como anda o processo de democratização do acesso a informação. Como no mercado jornalistico é encarado o jornalismo participativo, colaborativo?

Os casos escolhidos são a organização do site OVERMUNDO e o coletivo INTERVOZES. O OVERMUNDO foi escolhido como objeto de estudo pela sua forma de publicação, qualquer pessoa pode ter um perfil no site e produzir conteúdo, porém pode ser considerado colaborativo pela possibilidade de um texto ser editado por diversos usuários na fila de edição e sua publicação acontece através de uma fila de votação (JARDIM, 2003), para que assim os textos ocupem espaços de destaque do site .O Coletivo INTERVOZES discute a comunicação como direito universal do ser humano e buscam desenvolver seu trabalho para democratizar o acesso à comunicação. De que maneira é produzida a notícia no site?

Objetivo:

Analisar como ocorrem atualmente a produção de conteúdo para jornalismo online através de redes colaborativas em coletivos de comunicação e cultura. Verificar como se constituem estas redes através de organizações informais, que utilizam ferramentas como as mídias sociais para informar, questionar e difundir toda e qualquer notícia. Utilizando como objeto de estudos o coletivo INTERVOZES, a plataforma OVERMUNDO  para entrevistas e a base teórica baseada na bibliografia de Pierre Levy, André Lemos.

Objetivo especifico:

Analisar a forma como a equipe é gerida, sob o aspecto do grau de colaboratividade que ocorre na produção de conteúdo para seu veículo.
Compreender como são utilizadas as ferramentas disponíveis na internet, na produção de jornalismo digital.
Identificar quem são os produtores de notícia em veículos que adotam a colaboratividade como produção de jornalismo.
As novas funções como o gatewatcher que surgiu a partir da função gatekeeper.

Metodologia:

Pesquisa Documental:

A pesquisa documental surgiu a partir do uso de documentos originais que por sua vez ainda não foram analisados por nenhum autor, consideram-se fontes para a pesquisa documental documentos como os listados a seguir: documentos institucionais conservados em arquivos; documentos institucionais de uso restrito; documentos pessoais, como cartas e e-mails;
fotografias, vídeos, gravações; leis, projetos, regulamentos, registros de cartório; catálogos, listas, convites, peças de comunicação; instrumentos de comunicação institucionais.

A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não recebem ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser re-elaborados de acordo com os objetos da pesquisa.”Antônio Carlos Gil

Estudo de Caso:

Para utilizar o método de estudo de caso, é necessário ressaltar algumas etapas do processo, entre elas destaca – se fase de conhecer o objeto de estudo, no caso desta pesquisa, ter um conhecimento prévio sobre por exemplo o site OVERMUNDO, que por sua natureza tem a proposta de permitir que o usuário crie um perfil e produza diversos tipos de conteúdo para veiculação no site. É preciso entender quais os tipos de publicação cada perfil cadastrado pode fazer,quais os critérios para publicação, com acontece a interação entre os produtores de noticia cadastrados no site.
Este método tem sido considerado um dos mais adequados para as pesquisas nas áreas das humanidades, quando se pretende analisar um contexto real, onde os limites deste nçao são tão bem delineados (Yin, 2001).

Netnografia:

A netnografia é um método razoavelmente novo que surge da adequação do método conhecido como etnografia, muito utilizado para pesquisas em Ciências Sociais, porém sua adaptação é consequência de estudos focados em ambientes digitais. A etnografia estuda comportamentos, sob o aspecto da cultura em determinadas comunidades. O pesquisador atua como observador participante, sempre buscando um limite de distanciamento do objeto de estudo. Para isso entende-se a necessidade de fazer parte de fóruns, listas de discussões e comuidades virtuais onde se discute o foco de estudo. Portanto a netnografia é utilizada para estudos da internet através de interpretação e investigação do comportamento cultural em comunidades online para HINE (2000) apud AMARAL et al.(2008). Segundo o artigo de AMARAL, A ., et al.,(2008) define a netnografia como “A transposição dessa metodologia para o estudo das práticas comunicacionais mediadas por computador” e argumenta que a maior parte dos objetos de estudos nesta área, hoje estão localizados no ciberespaço.

Entrevistas:

Este método de pesquisa é bastante conhecido e muito utilizado em diferentes pesquisas. Para o jornalismo, seja impresso, online, televisivo ou radiofônico, é a maneira mais comuns de se obter informações das fontes através da coleta verbal de informações. Para a realização de uma entrevista é necessário a elaboração de perguntas que auxiliem na captação de dados para saber a respeito de determinado assunto.

Tecnicamente, pode dar-se ao termo "entrevista" a seguinte definição: processo de investigação científica que utiliza a forma de comunicação verbal onde o entrevistador procura recolher do entrevistado um conjunto de informações significativas, relacionadas com o objectivo da pesquisa. Destacam-se como principais tipos de entrevista a Entrevista Clínica, Psicanalítica ou Psiquiátrica, a Entrevista em Profundidade, a Entrevista Guiada, a Entrevista Centrada, a Entrevista de Questões Abertas e a Entrevista de Questões Fechadas.”
Guilherme Silva e Custódia Rocha.


Cronograma de Trabalho:

Etapa/ Mês
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Escolha do tema
X








Levantamento Bibliográfico

X
X
X





1ª qualifiação


X
X
X





Coleta de dados (Entrevistas)




X





Produção de conteúdo




X
X
X



Análise e edição de material





X
X



2ª qualificação







X


Revisão e redação final








X
X
Entrega do produto final








X
X
Defesa final









X


Referência Bibliográfica:
GIL, Antonio Carlos.Métodos e técnicas de pesquisa social. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1999.
GIL, Antonio Carlos.
Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2002.
FERRARI, Pollyana. Jornalismo Digital. 2ªed. São Paulo: Contexto, 2003 – (Coleção Comunicação).
FERRARI, Pollyana. Hipertexto, Hipermídia. 1ªed. São Paulo: Contexto, 2007.
POLITO, Rachel. Superdicas para um trabalho de conclusão de curso nota 10, 1ª ed, 2ª impressão, São Paulo: Saraiva, 2009.
LEMOS, André. Cultura das redes, ciberensaios para o século XXI. 1ªed. Salvador: EDUFBA, 2002.
MODÉ, G., PRAZERES, M. Um mundo de mídia:diálogos sobre comunicação e participação. 1ªed. São Paulo: Global, 2009
WOLF,
MEYER, Philip. Os jornais podem desaparecer? Como salvar o jornalismo na era da inrfomação. 1ªed. São Paulo:Contexto, 2007.
LEMOS, André. Cidade Digital – Portais, Inclusão e Redes no Brasil. 1ªed. Salvador: EDUFBA, 2007.
GRESSLER, Lori Alice. Entrevista. In: __Introdução à pesquisa: projetos e relatórios. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2004. p.164-169.

AMARAL,A., NATAL,G.,VIANA,L., Netnografia como aporte metodológico da pesquisa em comunicação digital. Famecos/PUC-RS, 2008
BRAMBILLA, Ana Maria, Jornalismo Open Source em busca de credibilidade: como funciona o projeto coreano OhmyNews International. Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS
MALINI, Fábio. Modelos de colaboração nos meios sociais da internet: Uma análise a partir dos portais de jornalismo participativo. Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, 2008
SCHIMIDT, S., ZANOTTI, C.A. Jornalismo Colaborativo: Conceitos e implicações. PUC – Campinas, 2009



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