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Retrospectiva 2010...momentos de famílias

Este ano foi um ano mais duro e seco, começando pelas escolhas que fiz desde o começo. Meu trabalho em 2009 havia se tornado minha vida e os amigos/colegas que conviviam/trbalhavam comigo, juntos já constituíamos uma “família alternativa”, o que tem seus prós e contras, se as diferenças entre as pessoas que compõem forem respeitadas acima de tudo. Naquele momento estava disposta a mudar várias coisas em minha vida para me adequar mais aos princípios que pautavam a construção de um grupo que trazia a palavra família consigo numa re-significação conceitual, aliando trabalho-amizade-profissionalismo-sustentabilidade, tudo através da cultura, da pró-atividade para levar a cultura independente aos quatro cantos do país.


No ano anterior vários parceiros muito próximos, juntos e separados, passamos pelo processo de fazer nossas famílias naturais entenderem nossa opção de vida sem pré-conceito ou julgamentos antiquados em relação a construção de um movimento social, cultural e econômico, que a curto prazo não nos tornava profissionais bem remunerados. Ao longo de meses conseguimos que grande parte de nossos parentes assimilasse o suficiente para respeitarem nossa escolha. Em suma foi trabalhoso e os frutos disso estavam preste a ser colhidos e pareciam bem apetitosos.

O trabalho e os ideais que se transformavam com enorme rapidez passaram a não cair tão bem em minha vida e o momento da mudança brusca parecia estar cada vez mais perto. É difícil admitir que precisamos abandonar algo que construímos desde o começo antes mesmo de colher os frutos, sabe aquela sensação de acordar na hora que o sonho estava ficando bom e você tenta dormir rápido pra voltar naquele sonho de novo?! Então me vi precisando respirar, sufocada pela pressão dos muros que ergui em volta de mim mesma, logo, quase que num susto dei a primeira marretada...ai veio uma pergunta lá no fundo...será que o muro já estava cedendo antes do primeiro golpe?

Enfim criei coragem, olhei além, decidi e fui...no começo a sensação foi ótima, uma leveza, ai vieram os primeiros choques de estabelecer uma nova rotina afinal minha vida era meu trabalho, a relação com os amigos que não trabalhavam comigo, eu havia permitido que se perdessem, tudo girava em torno da massa do movimento, e agora?

Bom olhei em volta e pensei, eu já estava modificando minha vida o tempo todo para absorver cada vez mais um estilo de vida que questiona o sistema que vivemos, a intensidade do consumismo inútil, e a retomada da vida em grupo, afinal uma década morando sozinha, sem marido, sem colega para dividir as contas, apesar de ter quatro irmãos, já havia me tornado uma solteira cheia de manias no lar. Com este panorama parecia mais fácil lidar com a escolha de não fazer mais parte do movimento e manter alguns bons hábitos adquiridos naquele período. Como ia dizendo o começo pareceu fácil, mas com a rotina e a retomada do trabalho não foi tão fácil manter a distancia e por outro lado a sanidade no sentido de estar bem, com saúde, no português claro, nada estava bem resolvido em relação à mim e ao movimento. Os primeiros encontros? Tensão para não serem embates, afinal não era necessário o enfrentamento, os ferimentos estavam em carne viva. O movimento era carinhosamente chamado de revolução da cultura, e sendo assim eu era uma militante que assumia posição estratégica, e merecia a humilhação de ter pedido pra sair! Parecia muita piada de fato, afinal mais de um ano de trabalho sendo rechaçado por uma opção pessoal. Onde estava o respeito pela diferença? O que nos tornava uno era o fato de sermos diversos, certo?! Doeu muito!

O fato é que me senti enfraquecida durante todo 2010, senti que precisava buscar minhas raízes novamente, reavaliar tudo que tinha me levado permitir que tudo em minha vida fosse um projeto. Um dia critiquei um grande amigo por eleger um projeto como o projeto da vida! Mordi a língua, pois deixei que aquela massa se tornasse a única coisa em minha vida e na minha vida existe, há sete anos e trezentos e cinquenta e dois dias uma Alegria, que estava crescendo e eu estava deixando de participar daquilo.

O projeto da vida hoje eu creio que seja aprender dia a dia a viver a vida com mais leveza, permitir a mim mesma ser mais divertida, menos séria e mais, cada vez mais aberta para aprender com a vida sobre o que é a vida. Ai o que aconteceu, me dediquei a Alegria, reestabeleci prioridades e percebi os resultados assim, do noite pro dia, como uma samambaia que não gostou de sol latente, você a coloca na sombra e pode perceber como as folhas ficam mais verdinhas, ou a grama depois da chuva, sabe?

O ano está acabando e eu reconheci um monte de coisas, por exemplo é muito bom ter alguém por perto pra compartilhar o cotidiano, senti falta do meu casamento na experiência de dividir a casa com uma amiga, como é bom ter alguém que nos amparar naquela gripizinha chata! Entendi que as vezes é melhor deixar a casquinha forte antes de cutucar o machucado. Que a família que a gente tem é realmente uma caixinha de surpresas.

Outra lição é que quando se permitir sentir, o que vem nas mais diferentes situações, fica mais fácil resolver as coisas até o fim! Pai descanse em paz, que a gente também vai ser feliz por aqui! Duarte, não é porque tivemos uma filha que temos que ser melhores amigos, respeito entre ambas as partes só favorecerá o crescimento de nossa Letícia. Jana, minha prima querida, ignorar a existência de alguém só prova o tamanho de amor que temos por ela e nossa incapacidade de entender este sentimento. Maria, minha irmã, madrinha de minha filha, não adianta querer controlar a natureza de cada um, eu te amo sempre e com você quero compartilhar as alegrias, já passamos por muita tristeza! Tia Yvoninha, você é uma mulher incrivelmente diferente de mim e já sei o que tenho que aprender contigo. Fi, cara foi ótimo conviver com alguém que me lembra o quanto preciso buscar minhas raízes, valeu pelos 16 meses de trabalho e diversão. Vó, Pri, Caleb, Tia Mo, André...vejo amor quando olho pra vocês!!!Maithe, Ricardo, respeito acima de tudo! Bia...o que te falar...vai fazer falta por aqui viu! Aprendi que para ser forte não é preciso estar todo tempo preparado para lutar, mas saber escolher as lutas nos torna guerreiro imbatíveis nas batalhas da vida!

É isso, planejei acabar o ano ao lado de minha filha e alguns amigos muito queridos, mas a vida mudou meus planos, minha filha esta com o pai no Paraná, eu queimei a mão direita fazendo um churrasco em casa e não poderei sair de São Carlos, na praia estão os amigos queridos e fico aqui com meus botões. Não adianta deprimir...o negócio é olhar pra frente e receber este momento como o momento do descanso que precisava. A mão direita, queimada e enfaixada me traz novas lições e eu as recebo de coração, leitura, escrita, filminho e carinho...2011 pode vir...

Comentários

  1. Muito boa sua retrospectiva e bom fechamento de ano... que 2011 venha com novas experiências, aprendizados e alegrias.. evoluindo sempre... amo sempre.. sempre ao seu lado hehehe.. =P beijos

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  2. Obrigada...pelas reflexões que proporcionou a mim mesma....
    Que venha 2011!!!!
    PAZ, AMOR, VIDA e LUZ!!!
    Sandra

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