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Crônicas de Sérgio Mascarenhas



ENGENHARIA DE SISTEMAS COMPLEXOS PARA O SÉC.XXI
Sérgio Mascarenhas- sm@usp.br]
Em 2010 comemorou-se 40 anos da criação da Engenharia de Materiais na Univ.Fed. de São  Carlos , a primeira no Brasil e na A.Latina. Plena empregabilidade, inserção nacional e internacional, formou cerca de 2000 engenheiros e mais de 1500 mestres e doutores e induziu a criação de mais de uma dezena de cursos semelhantes no Brasil e A.Latina. Tendo sido responsável pela proposta e coordenado a implantação do curso,aproveitando a ocasião das comemorações, proponho agora um novo tipo de engenharia para o século XXI: A Engenharia de Sistemas Complexos. A teoria dos sistemas complexos ganhou enorme relevância nas últimas décadas, com aplicações em química, física, teoria dos jogos, robótica e mesmo em áreas como finanças, macroeconomia, neurociências , energias alternativas como o caso da chamada bateria de hidrogênio (as fuel-cells), inteligência estratégica etc. A base matemática e computacional para sistemas complexos leva em conta não- linearidades, enorme numero de componentes dos sistemas levando a efeitos chamados emergentes como transições de fase na física e na química quânticas tais como supercondutividade, superfluidez, auto-organização,transição de Bose-Einstein em física da matéria condensada e até em astrofísica. Em suma um novo cenário de ciência,tecnologia e inovação se descortina para a humanidade. Porém para o desenvolvimento de um País precisamos de aplicações para a sociedade, gerando empregos, produtos, serviços e estas vêm pela aplicação das ciências básicas através das engenharias . As engenharias nacionais é que fazem a diferença na inovação empresarial, na competitividade essencial para inserção do país na globalização.Mas quais as diferenças entre essa nova engenharia de sistemas complexos(ESC) e as engenharias tradicionais(ET)? O que ela pode resolver que as outras clássicas não podem? Toda engenharia se aplica a sistemas, sistemas de transporte, de construção, elétricos, nucleares etc. Há também uma engenharia que procurou generalizar estas buscas, criadas após a invenção do computador, podendo fazer modelagens, cálculos mais complexos que foi a engenharia de sistemas (ES), system`s engineering em inglês. Agora podemos entender com mais clareza o que é a ESC : é a engenharia de sistemas de sistemas! Em geral esses sistemas interagentes são incoerentes ou competitivos e possuem enorme número de elementos e variáveis . Como ocorre historicamente, os primeiros a desenvolverem ESC foram os militares , já que guerras envolvem enorme número de sistemas interagentes, a maioria incoerentes em seus objetivos e funcionalidades: sistemas de transporte, logística, inteligência, estratégias defensivas e ofensivas, clima, meio-ambiente em geral, finanças, recursos humanos, tecnologias avançadas, em suma um sistema de sistemas de enorme complexidade. Grandes empresas se aproveitaram desse tremendo nicho e dentro de seus quadros tiveram que criar sem academicismo as bases operacionais da Eng. De Sistemas Complexos .com os enormes recursos alocados para as guerras que se desenvolvem continuamente no mundo pela busca do poder hegemônico ou regional. A internet também começou assim depois se derramou (em inglês trickle-over effect) para a sociedade e causou esta enorme revolução digital multimidiática na qual vivemos. Agora é o momento da sociedade se apossar dos destroços benéficos, uma espécie de reciclagem dos conhecimentos gerados pela violência humana em seu benefício mais ético: para a educação, inovação, emprego, mudanças climáticas e toda a lista de patologias sociais que nos afligem. Mas como a ESC faz isso? Sua primeira função é sistematizar os sistemas de sistemas e suas incoerências conflitantes mapeando a TRANSDISCIPLINARIDADE e a segunda, até que foge aos conceitos comuns da tecnologia, vai mais para o lado humanista e social: é encontrar um AMBIENTE para o estudo dos sistemas de sistemas. Vou dar um exemplo claro: a internet é antes de tudo um AMBIENTE (ALGUNS PREFEREM O TERMO AMBIÊNCIA) onde interagem os mais diferentes sistemas  a maioria conflitantes: comércio, pornografia, fraudes financeiras, propaganda, redes sociais de diversas tendências!Portanto o primeiro objetivo da ESC é estruturar essa ambiência para poder realizar seu objetivo de melhor entendê-los, modelá-los e obter os melhores resultados sócio-econômicos sobretudo para uma sociedade em desenvolvimento como a nossa.Já temos uma proposta inicial para a difícil estruturação de um currículo para essa engenharia de sistemas complexos. Certamente não será o melhor nem perfeito, será uma semente que através de uma seleção natural evolucionária, criará vários outras propostas pelo Brasil afóra, numa adaptação também típica de um verdadeiro sistema complexo inteligente adaptativo.
Reitor –Pró-tempore da UFSCAR na sua fundação e o Inst. de Estudos Avançados da USP-São Carlos onde é o atual Coordenador de Projetos.

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