Pular para o conteúdo principal

Como é ser cego, buscava ter uma ideia, acho que tive!

Hoje tenho que escrever uma matéria sobre um aparelho identificador de cédulas e objetos pessoais, para cegos. 
Para poder contextualizar e instigar o ouvinte, meu editor sempre sugere que contemos uma historinha pro ouvinte entender do que será tratado.
Em seguida encontrar o gancho para contextualizar a pesquisa.
Na busca por um "start" da reportagem pesquisei algumas histórias, contos e lendas que falassem sobre isso! 
Está aqui poderia ser muito bem uma forma de explicar como é ter diferentes perspectivas.
A história dos cegos e o elefante. Não vou nem resumir, nem comentar agora, só registrar que achei esta história muito bonita. Não vou poder usá-la na reportagem, mas você, leitores do blog, podem aproveitar o momento para refletir um pouco sobre a diversidade dos pontos de vista!






OS CEGOS E O ELEFANTE
(História do Folclore Hindu)

Numa cidade da Índia viviam sete sábios cegos. Como os seus conselhos eram sempre excelentes, todas as pessoas que tinham problemas recorriam à sua ajuda.
Embora fossem amigos, havia uma certa rivalidade entre eles que, de vez em quando, discutiam sobre qual seria o mais sábio.
Certa noite, depois de muito conversarem acerca da verdade da vida e não chegarem a um acordo, o sétimo sábio ficou tão aborrecido que resolveu ir morar sozinho numa caverna da montanha. Disse aos companheiros:
- Somos cegos para que possamos ouvir e entender melhor que as outras pessoas a verdade da vida. E, em vez de aconselhar os necessitados, vocês ficam aí discutindo como se quisessem ganhar uma competição. Não aguento mais! Vou-me embora.
No dia seguinte, chegou à cidade um comerciante montado num enorme elefante. Os cegos nunca tinham tocado nesse animal e correram para a rua ao encontro dele.
O primeiro sábio apalpou a barriga do animal e declarou:
- Trata-se de um ser gigantesco e muito forte! Posso tocar nos seus músculos e eles não se movem; parecem paredes...
- Que palermice! - disse o segundo sábio, tocando nas presas do elefante. - Este animal é pontiagudo como uma lança, uma arma de guerra...
- Ambos se enganam - retorquiu o terceiro sábio, que apertava a tromba do elefante. - Este animal é idêntico a uma serpente! Mas não morde, porque não tem dentes na boca. É uma cobra mansa e macia...
- Vocês estão totalmente alucinados! - gritou o quinto sábio, que mexia nas orelhas do elefante. - Este animal não se parece com nenhum outro. Os seus movimentos são bamboleantes, como se o seu corpo fosse uma enorme cortina ambulante...
- Vejam só! - Todos vocês, mas todos mesmos, estão completamente errados! - irritou-se o sexto sábio, tocando a pequena cauda do elefante. - Este animal é como uma rocha com uma corda presa no corpo. Posso até pendurar-me nele.
E assim ficaram horas debatendo, aos gritos, os seis sábios. Até que o sétimo sábio cego, o que agora habitava a montanha, apareceu conduzido por uma criança.
Ouvindo a discussão, pediu ao menino que desenhasse no chão a figura do elefante. Quando tacteou os contornos do desenho, percebeu que todos os sábios estavam certos e enganados ao mesmo tempo. Agradeceu ao menino e afirmou:
- É assim que os homens se comportam perante a verdade. Pegam apenas numa parte, pensam que é o todo, e continuam tolos!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Sérgio Dias fala sobre as diferenças dos festivais da década de 60 comparados aos dias de hoje.

Hoje é domingo, pé de cachimbo

Colaboratividade, compartilhamento e criatividade norteiam os rumos de uma nova economia

Kleber Serrado lança “A Rota do Indivíduo” no teatro do SESC Santos