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Silvania Costa - Nossa Paratleta especialista em quebrar o próprio recorde

No último final de semana, dias 02 e 03 de junho, Silvania Costa, paratleta da seleção brasileira, participou da primeira etapa nacional do Circuito Loterias Caixa de Atletismo, já trouxe um bronze nos 100 metros raso e ouro em salto a distancia, mais uma vez quebrando sua própria marca.

Feliz e satisfeita pela convocação, Silvania não esperava alcançar o índice para a competição do último fim de semana,  justamente por estar retomando a carreira como atleta há pouco mais de 1 ano. Conquistar o índice para as grandes competições do comitê paralímpico brasileiro foi o que garantiu sua convocação para a seleção novamente. Agora é dar sequência a este trabalho e manter o foco para 2020. 

Na sequência, dia 20 de junho, Silvania segue para Open Paris 2018, Camping de Treinamento em Leipzig e Open Berlim 2018, serão aproximadamente 30 dias de competições pela Europa. Costa esta com boas expectativas em relação as próximas competições, segundo ela "posso dizer que me sinto muito bem, estou preparada e muito focada para essa fase, porém, meu objetivo principal é estar em plena forma para as paralimpíadas de 2020 no Japão. Entendo que os bons resultados obtidos agora, nas fase preliminares à Tokio, confirmam de que estou no caminho certo" comenta nossa recordista.


Silvania Costa faz questão de ressaltar que o que quer honrar o nome do Brasil chegando ao primeiro lugar no pódio com a medalha de ouro no pescoço através de seu melhor desempenho como paratleta brasileira. Sua trajetória foi marcada por muita determinação e superação e é isso que a motivou a fundar o Instituto Silvania Costa em sua cidade natal, Três Lagoas no Matro Grosso do Sul, o objetivo é melhor a condição de vida das crianças em situação de vulnerabilidade social através do esporte. Silvania nunca quis correr profissionalmente, mas foi através das competições que conseguiu melhorar as condições de vida de sua família.

Confira a seguir uma entrevista cedida para co Comitê paralímpico Brasileiro:


Repórter: O quão forte são as memórias do Rio 2016 para você agora? Como que elas te fazem sentir agora passados 18 meses? Você consegue ainda ouvir o barulho da multidão quando o seu último salto foi anunciado?
Silvania Costa: Os jogos do Rio para mim são uma memória inesquecível, eu sempre digo não existe ex-campeã dos jogos do Rio 2016, esse título é meu e levarei isso para o resto da vida, que vai passar de geração a geração essa lembrança, quando as pessoas lembrarem Rio 2016, se lembrarão que a campeã foi a Silvania. Então isso não é um momento que pode ser apagado, e acredito que o que gratifica um atleta é quando você conquista da melhor maneira, e eu tenho certeza que nos jogos de 2016 fiz o meu melhor, levei o nome do meu país ao ponto mais alto do pódio, sempre com muita determinação, foco e força de vontade. Penso que todos os meus resultados foram conquistados com muita garra.

Repórter: Quando e onde foi que você voltou a competir depois de ter ganhado bebê? É menino ou menina? Qual o nome? Qual a idade?Silvania Costa: Voltei a competir 30 dias após o nascimento do João, foi a primeira etapa nacional em 2017 para o circuito Loterias Caixa. Meu filho é um menino, o João Guilherme completou 1 aninho no dia 27 de março.

Repórter: Como foi voltar? Você sentiu falta do atletismo nesse tempo?
Silvania Costa: Senti bastante falta sim do atletismo, porque minha vida inteira praticamente foi voltada para o atletismo. Quando o João nasceu, até mesmo no período da gravidez, o que passava pela minha cabeça é que se eu encerrasse meu ciclo como atleta, eu tinha certeza que ainda não tinha dado meu 100%, me bateu o sentimento que se eu voltasse, voltaria para fazer melhor do que já havia feito. Esse foi o sentimento fora das pistas. Assim que o João nasceu, eu só pensava em voltar, em bater meus resultados, bater meus recordes, então em 30 dias eu já estava na pista, competindo a primeira etapa nacional, já com a medalha no peito.

Repórter: Você está em forma para essa temporada?
Silvania Costa: Já se passou um ano do meu retorno, eu me sinto em forma, apesar que ainda tenho muito trabalho para a preparação para Tokio 2020, mas eu me sinto com mais coragem, mais determinação, mais cabeça para fazer marcas em relação ao ciclo de 2016.

Repórter: Foi difícil pensar que no Mundial de 2017 em Londres alguém poderia bater o seu recorde?
Silvania Costa: Quando eu estava me preparando para o Mundial, eu não fiquei me preocupando se alguém poderia bater a minha marca porque eu estou a meio metro da marca da segunda colocada. Até hoje na história do paratletismo, não houve uma mulher no mundo a superar a marca superior aos 5 metros, eu tenho a marca de 5,46 metros, que é o recorde mundial. Então não me preocupo com isso, pois para bater esse recorde vai ser preciso muito trabalho, e eu mesmo já estou me preparando para superar a minha própria marca.
Em nenhum momento que eu estive fora das pistas, me preocupei com as outras competidoras, eu acho que só devo me preocupar quando elas estão muito próximas a minha marca, isso me motiva a melhorar. Eu não me preocupo com isso, porque eu acredito muito no meu potencial, eu acredito muito na minha capacidade, e sei que só depende de mim. Manter essa energia positiva só me favorece, e eu consigo transmitir isso para o meu dia a dia, sei que isso me fortalece, me deixa em vantagem em relação aos outros competidores.
No Mundial eu me preocupei um pouco, participei da primeira etapa nacional com o intuito de fazer o misto para participar do campeonato mundial. Naquela fase, eu sabia que o Brasil precisava dessa medalha no salto em distância e não havia ninguém apto a buscar essa marca. Ali eu senti a necessidade de retornar antecipadamente da minha recuperação para tentar conquistar esse índice. Não consegui o ouro, mas trouxe a prata, que também foi muito gratificante, levando em consideração que havia retornado às atividades 30 dia após o nascimento do meu filho João.

Repórter: O Grand Prix de São Paulo vai ser sua primeira principal competição internacional desde 2016? Se sim, como você se sente de volta a esse tipo de competição? Você continua com o mesmo guia?
Silvania Costa: No final de semana do dia 01 de abril, eu participei do desafio paralímpico, no qual superei a minha marca dos jogos do Rio 2016, lá eu ganhei com 4,98 metros; no fim de semana passado eu me superei e consegui atingir a marca de 5,03 metros. Então você percebe que para os jogos de 2016 eu me dediquei 4 anos e após um ano de volta às pistas eu já me superei. Isso é resultado de muito trabalho e dedicação, embora não seja fácil conciliar a vida de mãe-atleta, são responsabilidades maiores, maior cobrança e comprometimento com meu trabalho. Eu voltei para pista preparada para este tipo de cobrança e percebo que isso não me atrapalhou, não influenciou nos resultados dos treinos, e a certeza de que conquistarei medalhas em Tóquio 2020.

Repórter: Você vai competir com a Lorena Salvatini Spoladore, que estava em Londres ano passado, e ganhou bronze no Rio. Você acha que isso vai ser difícil?
Silvania Costa: Eu quero mais que o atletismo paralímpico cresça, se desenvolva e se fortaleça, como disse, eu não me preocupo com as outras competidoras, eu quero é ver o Brasil com bons atletas representando nosso país. Quero que o Brasil supere as marcas internacionais e mantenha-se forte nas competições. Eu posso até me preocupar um pouco com a concorrência das medalhistas de prata e bronze dos jogos do Rio 2016, afinal, são as atletas que mais se aproximaram da minha marca. Espero que esse ano o Grand Prix seja forte, e me sinto muito preparada para o que der e vier.

Repórter: Quais são seus objetivos para o Grand Prix e para o futuro?
Silvania Costa: Graças a Deus, o ano de 2018 começou com grandes competições, no próximo dia 15 eu participarei de um competição com atletas e paratletas olímpicos. Nessa ocasião, eu já quero conquistar os índices para competir nas etapas da Alemanha e Suíça. Eu fiquei a dois centímetros do índice, tudo isso porque estou focada no meu trabalho e sinto que esse é o caminho certo e o momento certo. Em 2017 atingi 4,37m, na última competição 4,50m, e agora com a marca de 5,03m, estes resultados demonstram o quanto estou concentrada para conquistar os recordes. Espero trazer bons resultados do Grand Prix e quebrar o recorde para deixar a minha história escrita por gerações como um recorde inesperado. Meu objetivo é chegar como favorita em Tóquio.

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