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Conheça a personal chef Bia Andrade, especialista em preparo de cardápios com restrição


O tempo passa e muito do que comemos há séculos já não é mais tão saudável assim. Essa é a grande vantagem das pesquisas e avanços tecnológicos. Mesmo que as restrições possam surgir, tem muita gente por aí preocupado em garantir que o momento da refeição seja muito saudável, porém sem perder o sabor, afinal de contas, comer é um dos prazeres dessa vida!

Hoje os chefs de cozinha estão se especializando em preparos de alimentações mais benéficas para a saúde, esse é o caso de Bia Andrade, chef campineira que empreende como personal chef, atualmente ela está entre Campinas e Santos (passa pela capital também). O que significa isso, ela vai a casa das pessoas para preparar presencialmente o cardápio adequado a alimentação de quem ela atende. 

Na sequência você confere uma entrevista que tive o prazer de fazer com essa mulher maravilhosa e inspiradora.

Sarah Mascarenhas - Conte por que escolheu ser chef e como foi surgindo o projeto de personal chef?
Bia Andrade - A gastronomia entrou na minha vida, para me salvar. Sempre tive "problemas" em outros empregos. Não era realizada nem feliz nas outras profissões. Eu trabalhava em cartório, em São Paulo, e estava esgotada da vida em cidade grande. Resolvi voltar para casa, meus país, já moravam no interior a anos. E comecei a procurar empregos nesses sites que oferecem vagas.
Achei uma vaga de auxiliar de cozinheira, em um bistrô, dentro de um espaço cultural, que era muito próximo a casa da minha mãe. Arrumei as malas, larguei emprego bom, salário bom e uma vida confortável, para voltar e tentar. Sempre amei cozinhar, mas tava longe de entender o funcionamento de um restaurante.
Foi uma experiência incrível, meu primeiro contato com alta gastronomia. E um dos lugares que mais aprendi que comemos primeiro com os olhos, e que a boa apresentação de um prato é fundamental. O projeto de ser personal chef rolou sete anos depois. Foi quando veio a maternidade, foi quando escolhi estar mais perto da minha filha, e não estar presa aos horários malucos de hotéis e restaurantes. Eu queria fazer minha agenda com liberdade.

Sarah Mascarenhas - Você é especializada em alimentação restrita, explique um pouco sobre os diferentes tipos de dieta restritivas que você oferece.
Bia Andrade - Quando comecei o personal, tive um pouco de dificuldades em entrar nesse  mercado. Senti a necessidade de achar um "nicho" um diferencial para oferecer. A concorrência é alta nessa área. Eu oferecia, comida caseira, natural. Mas faltava alguma coisa para dar um boom.
Quando uma cliente me chamou, e perguntou se eu faria um cardápio whole30, uma dieta  restritiva, que era novidade no Brasil.
Me apaixonei de cara pelo Whole. Ele prega comida de verdade, prega amor pelas escolhas alimentares, pelos produtos escolhidos para cozinhar. Depois dessa cliente, rolou um boca a boca, foi o que me alavancou, e junto disso veio mais estudos e experiência no fogão.
Elaborar um cardápio com restrição, foi muito desafiador. Eu gosto do desafio. Preciso dele para me testar. Para criar pratos com a responsabilidade de fazer as pessoas acreditarem que dieta não é sinônimo de sofrimento. Como o Whole é um programa bem restrito, não tive dificuldades de me aprofundar nas outras dietas que evitam glúten, lactose, carnes. Como a paleo e low carb. Foi um processo natural, no qual eu fui percebendo a alegria das pessoas, em poder continuar comendo bem, comida gostosa, mesmo se privando do que fazia mal para o organismo delas.
E alegria de chef, é ver pessoas comendo bem, saudável e satisfeitas com o que estão ingerindo.

Sarah Mascarenhas - Como é a procura por este serviço de personal chef e como é o acolhimento na casa dos clientes?
Bia Andrade - Hoje vendo todo meu trabalho por redes sociais. Fora as indicações das clientes fiéis que já tenho.
Uma das maiores surpresas na escolha pelo personal, foi o acolhimento. No começo eu me sentia insegura em em entrar tanto na intimidade das pessoas. Acredito que depois do seu quarto, a sua cozinha, e sua geladeira, são os lugares mais sagrados e íntimos da sua casa. Hoje, depois de ter visitado mais de 250 casas, eu entendo que cozinha é um local sagrado da casa. É ali que está toda intimidade da família reunida. É nesse espaço que eu aprendo a observar todos os dias, o quanto o funcionamento da cozinha da pessoa, me diz sobre ela e a família. Já fiz analogias incríveis sobre tipos de cozinha x tipos de famílias. E eu sou uma mulher de sorte. NUNCA entrei em uma casa, na qual não tenha sido recebida com amor, curiosidade, expectativas e por pessoas do bem.
Quando sinto que preenchi, tudo isso no local, eu sei que além da comida boa que deixei, realizei meu trabalho com perfeição. Ser personal chef está sendo uma descoberta em novas amizades. É quase impossível, ir cozinhar para alguém, e não ganhar amigos novos. Esse contato direto com o cliente, dele estar na beira do fogão cmg, conversando, provando o que estou fazendo e aprendendo dicas para facilitar o dia a dia na cozinha, me encanta, e me realiza mais.
É um grande prazer, alguém provar um prato meu, e gemer de alegria. Hummmmmm! Meu barulhinho preferido de ouvir.

Sarah Mascarenhas  - Os pratos oferecidos no cardápio que você envia, são autorais? Como foi a criação deste menu em termos de nutrição?
Bia Andrade - Cardápios restritos: meu maior desafio no personal chef. Fora a maternidade, o que me tirou de hotéis e restaurantes, foi a percepção do quanto esses locais não têm preocupação com a saúde das pessoas. Eu acredito que somos o que comemos. Nossas escolhas alimentares dizem muito sobre hábitos, compulsões e de como se forma cada paladar, de cada pessoa.
Todos meus pratos são autorais.
E tenho um pouco de dificuldades em reproduzir todos, exatamente igual. Gosto da mágica de poder mudar alguma coisa na receita, conforme a criatividade do dia, e a oferta de ingredientes. 
Além da criação de pratos restritos, tenho a preocupação, de como manter aquela comida, igualmente boa, mesmo sendo congelada. Eu busco equilíbrio e harmonia em todos os pratos. Nutricionalmente falando, o equilíbrio entre todos os insumos permitidos nas dietas é fundamental.
Como já são dietas que restringem alguns grupos alimentares é importante que dentro do que se pode comer, haja variedade e quantidade suficiente para saciar cada organismo. O desafio em criar pratos novos, está em diferenciar outras comidas "fitness" que estão sendo oferecidas no mercado. Meu desafio maior é oferecer pratos e sabores com elementos de alta gastronomia, e que não sejam extremamente calóricos, sem ingredientes que não façam bem a alguns organismos, e que tenham um custo acessível.
Comer bem e saudável não é caro e pode ser muito prazeroso.

Sarah Mascarenhas  - O universo gastronômico é machista, o que te levou a optar por este modelo de negócio foi essa questão de alguma forma?
Bia Andrade - Sim, como em muitas outras profissões, a gastronomia ainda é um meio bem machista. No início da história da gastronomia na França, os primeiros chefs eram militares que cozinhavam para os reis. E infelizmente se vê muito autoritarismo de general machista nas cozinhas nos dias atuais. A opção em trabalhar como personal chef, na casa das pessoas, me deu mais liberdade de expressão, e me ajuda na desconstrução de que a cozinha é um universo masculino. Mas como qualquer mulher infelizmente ainda não me livrei das piadas machistas, nem dos assédios.

Sarah Mascarenhas - Como pesquisadora gastronômica e especializada em dietas restritivas, o que você considera importante ressaltar sobre alimentação?
Bia Andrade - Comer é um sentimento e conhecer seu corpo e seu organismo é sagrado. Comida é nosso combustível, e é uma escolha diária. Poder escolher o que se come, ainda é privilégio de poucos no nosso país. Se é o seu caso, se vc pode escolher o que vai ter na mesa da sua família a cada refeição. Faça escolhas inteligentes. Valorize produtos locais e sazonais. De preferência para alimentos frescos, orgânicos e de boa procedência. A escolha de bons ingredientes é o mais importante para o resultado final dos seus pratos.
Uma refeição deve oferecer para a vista, o olfato, o espírito o mesmo nível de sensações que oferece para o paladar.
Que cada prato, de cada pessoa possa sempre ter amor e comida de verdade.

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